Para oposição, país abre mão de sua soberania e verá aumentar tarifas de energia, com prejuízo à população e capitalismo “sem risco”

São Paulo – Cinquenta anos depois de sua instalação, como parte de um projeto nacional de desenvolvimento, a Eletrobras será privatizada. A Câmara aprovou na tarde desta segunda-feira (21) o texto-base da Medida Provisória (MP) 1.031, de privatização da Eletrobras, que responde por quase 30% da geração de energia no país. Foram 258 votos a favor e 136 contra. Em longa sessão, de seis horas, a oposição fez obstrução e apresentou requerimentos na tentativa de tirar o projeto da pauta. Depois do texto-base, os deputados passaram a discutir emendas, aprovando a maioria. A oposição cogita recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Privatização da Eletrobras causará 25% de aumento na energia

Apresentada em fevereiro, a MP passou na Câmara em 19 de maio (313 votos a favor, 166 contra e cinco abstenções) e no Senado em 17 de junho (42 a 37). Como foi alterado, voltou para a Câmara. O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), convocou sessão extraordinária para esta segunda, com a MP como item único da pauta, já que o projeto perderia vigência amanhã.

Em vez de votação, luto

Muitos deputados defenderam, inclusive, que não houvesse sessão nesta segunda-feira em tributo aos 500 mil mortos em consequência da covid-19, marca atingida no último sábado (19). Vários trajavam roupas pretas, em sinal de luto. Lira informou que, em contato com o presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), será decretado luto oficial de três dias, mas sem interrupção das atividades legislativas.

“Estamos falando de um imenso patrimônio público. É a sexta empresa mais lucrativa do Brasil hoje”, ressaltou o líder da Minoria, Marcelo Freixo (Psol-RJ, que amanhã formalizará sua filiação ao PSB). Ele enfatizou o caráter estratégico da companhia para “a soberania energética” do país, em vez de entregá-la a “sanguessugas privados”. Seu colega Alessandro Molon (PSB-RJ) reforçou, dizendo que o projeto governista está “recheado de reservas de mercado e interesses privados”.

Tarifa mais cara?

Apenas um deputado se inscreveu para defender o projeto: o líder do governo, Ricardo Barros (PP-PR). Segundo ele, o texto assegura “mais investimento, mais geração de empregos, mais competência do sistema”. “O projeto é tão bom que os governistas não querem vir aqui defendê-lo”, ironizou a deputada Gleisi Hoffmann (PR), presidenta nacional do PT.

O modelo aprovado prevê a emissão de ações a serem vendidas no mercado, aumentando o capital social sem participação da empresa. Isso resultará em perda do controle acionário da União.

“Se o Brasil precisar de mais energia, não a terá”, afirmou o líder do PT, Bohn Gass (RS). “Quem vai pagar essa conta é o consumidor“, acrescentou. “É um desserviço. Não tem nada de capitalização. É para servir a interesses escusos, menores, a setores privados que não têm compromisso com o desenvolvimento nacional”, disse José Guimarães (PT-CE).

Custo maior

Para Hildo Rocha (MDB-BA), o projeto “modifica o teor” da desestatização. Ele e outros parlamentares afirmaram que há na Casa um projeto de lei, do governo Temer, que consideram melhor que a MP. O deputado disse ter conversado com 10 especialistas nos últimos dias, e oito deles afirmaram que o preço da tarifa vai aumentar.

O Senado fez 28 emendas ao texto aprovado na Câmara. Na sessão de hoje, deputados favoráveis à privatização, especialmente do Novo, criticaram a matéria. O relator da MP na Câmara, Elmar Nascimento (DEM-BA), recomendou a rejeição de pelo menos cinco dessas emendas.

Emendas questionadas

Parlamentares apontaram a presença de “jabutis” (temas estranhos à matéria) na medida provisória, mas o presidente da Câmara indeferiu, inclusive, questão de ordem nesse sentido. Uma dessas emendas prevê aumento da reserva para térmicas a gás (mais caras e poluentes), item bastante questionado durante a sessão de hoje. Outra, a construção imediata de uma linha de transmissão conhecida como Linhão de Tucuruí, passando por uma reserva indígena.

“Milagre” do Estado mínimo

“Estamos diante de uma farsa”, disse a líder do Psol, Talíria Petrone (RJ). Ela citou itens como as “reformas” trabalhista e previdenciária, além do teto de gastos, como medidas aprovadas com promessa de melhorias para a sociedade. “Fala-se em atacar o Estado brasileiro para resolver o problema do povo. A ideia do milagre do Estado mínimo nunca aconteceu. Quinhentos mil mortos e a gente votando aqui a luz mais cara para o povo.”

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) afirmou que a sessão de hoje mostra um comando da nação que “despreza a vida” e citou as manifestações do último sábado contra o presidente da República. “Todas essas pessoas sabem onde está a responsabilidade por essas 500 mil mortes. Todos nós aqui dentro, base ou oposição ou chamados independentes, sabemos por que chegamos até aqui. Nós não devíamos estar fazendo funcionar o parlamento neste dia de hoje. Não há nenhuma outra pauta que deveria estar sendo debatida hoje que não fosse como interromper esse governo criminoso, como enfrentar a pandemia no Brasil e esse gabinete paralelo do governo.”

Pescaria no aquário

Renildo Calheiros (PCdoB-PE) disse que o Senado conseguiu piorar um texto que já era ruim na própria Câmara. Para ele, o empresariado almeja um capitalismo sem risco. “A iniciativa privada quer pescar no aquário”, ironizou. E Bira do Pindaré (PSB-MA) fez referência a um “liberalismo chinfrim” no país.

Privatização da Eletrobras é exemplo de ‘capitalismo de rapina’, diz economista

Proposta em 1954 por Getúlio Vargas, a criação da Eletrobras só foi aprovada em 1961, após ferrenha discussão no parlamento, com a Lei 3.890, assinada por Jânio Quadros. A instalação ocorreu somente em 11 de junho de 1962 (governo João Goulart).

Para Henrique Fontana (PT-RS), a MP de privatização da Eletrobras “entrará para a história como um dos maiores crime de lesa-pátria” do Brasil. “Não tem lógica econômica, não tem lógica no sentido de um projeto nacional. Me expliquem por que é bom vender uma empresa que vale 400 bilhões, ser entregue por menos de 40 bilhões? Quem fará um programa como o Luz para Todos se venderem a Eletrobras?”

Para fazer jus aos novos tempos, coube a um militar, o deputado General Peternelli (PSL-SP), encerrar a sessão, às 21h23.

Sinais de recuperação da economia são insuficientes para neutralizar o desemprego e a queda na renda, avalia diretor do Dieese. Estudo da Tendências Consultoria mostra que 1,2 milhão de famílias cairão na pobreza

Ampliação do desemprego e queda na renda das famílias continuam sem sinais de recuperação

São Paulo – A retomada da economia brasileira vai aprofundar a desigualdade no país. Os sinais de recuperação da atividade econômica vêm do comércio exterior, com um novo ciclo de commodities. Mas esse fator não é suficiente para equalizar os problemas de desemprego e queda de renda.

Há sinais de retomada na economia brasileira graças a fatores externos, de países que atuaram forte com a vacinação e ganharam mais dinamismo econômico, avalia o diretor-adjunto do Dieese, José Silvestre. “Mas esses sinais não chegam à mesa do trabalhador e das classes mais pobres”, afirma.

“São sinais positivos, mas há outros sinais contrários, como a ampliação do desemprego e a queda na renda das famílias. O PIB pode até crescer 4% neste ano, mas se chegar a esse patamar no máximo recupera o tombo de 2020, que foi de 4,1% negativo”, afirma o analista em entrevista a Deborah Izola, no jornal da Rádio Brasil Atual na manhã desta terça-feira (22).

Um estudo divulgado nesta segunda-feira atesta o aprofundamento da desigualdade com o ciclo da economia. E mostra que a recuperação econômica beneficiará apenas as classes mais altas, enquanto 1,2 milhão de famílias retrocederá à pobreza, para as classes ‘D’ e ‘E’. Esse estudo foi apresentado pela Tendências Consultoria com base em dados do IBGE, Ministério da Economia e Ministério da Cidadania. O estudo foi obtido pela Globonews.

Auxílio emergencial

Entre as causas que retêm a recuperação da economia para os trabalhadores, Silvestre indica o auxílio emergencial. O benefício fundamental para o enfrentamento da pandemia pelos trabalhadores ficou um período de três meses paralisado e foi retomado com a metade do valor de quando foi instituído em abril de 2020, em R$ 600.

A correção do salário mínimo abaixo da inflação também é fator que tem impacto negativo na renda dos trabalhadores. O governo Bolsonaro interrompeu o ciclo de ganho real do salário mínimo que foi implementado pelos governos Lula e Dilma. Silvestre diz que essa desatenção com o salário mínimo afeta especialmente famílias que tem renda mensal em torno de 2,7 salários.

Mobilizadas em torno do “Fora Bolsonaro”, centrais se unem em Fórum para combater retrocessos e lutar por agenda de proteção dos trabalhadores, das instituições e pela vacinação contra a covid-19

São Paulo – Articuladas pelo Fórum das Centrais Sindicais, CSB, CTB, CUT, Força Sindical, Nova Central e UGT estão determinadas a promover uma agenda de proteção dos trabalhadores e trabalhadores, da democracia e de combate à pandemia em curto prazo no Brasil. Diante de um momento de grandes desafios impostos por retrocessos do governo Bolsonaro, as centrais definiram como prioridade a união e a mobilização nas ruas para a defesa da saúde e das condições de trabalho para traçar um futuro. Em resgate aos quase 200 anos de história do sindicalismo do país.

Desde o ano passado, as centrais vêm atuando de perto junto ao Congresso Nacional em torno de pautas sociais. Em fevereiro de 2020, antes do estado de pandemia ser oficialmente decretado, partiu das entidades a proposta de uma renda básica destinada à população mais pobre, correspondente ao valor da cesta básica. O que se confirmou na política de auxílio emergencial em R$ 600. A partir de então, as centrais estão se reunindo com lideranças partidárias para implantação de outras propostas concretas sobre emprego e renda no país. 

Prioridades

O que, de acordo com o consultor sindical e assessor do Fórum das Centrais Sindicais, Clemente Ganz Lúcio, contribuiu para a definição da agenda de prioridades neste momento de crise. 

“O movimento sindical tem a tarefa de fazer a proteção dos trabalhadores e trabalhadoras no contexto concreto dos postos de trabalho. Uma agenda importante também é a da proteção da democracia no Brasil, das instituições, do processo eleitoral, das garantias de liberdade. Proteger a sociedade dos ataques que estamos sofrendo no combate à pandemia. Foram os sindicatos que lutaram para a incorporação dos protocolos sanitários e de segurança. E agora atuam para a inclusão de grupos prioritários na vacinação e para que os Estados comprem vacinas”, afirma Clemente em entrevista à Rádio Brasil Atual

Fora Bolsonaro

Outra pauta das centrais, de acordo com o assessor do Fórum, é também pelo “Fora Bolsonaro”. Em nota conjunta, divulgada às vésperas dos atos nacionais na sexta (18), as entidades deram um basta e defenderam a união contra o presidente da República

“O movimento sindical fez o caminho contrário (do governo federal). Saiu em defesa da proteção da sociedade e da criação das condições para que pudéssemos enfrentar de maneira correta essa grave crise sanitária. E agora tem uma agenda fundamental de concluir esse processo de proteção pelo menos no curto prazoÉ uma proteção que precisa ser produzida permanentemente, a crise não se esgota com a vacinação”, adverte Ganz Lúcio, ex-diretor técnico do Dieese. Ele conclui que, neste momento, as centrais têm em curso a produção “de uma estratégia econômica coerente para que o país retome o desenvolvimento econômico”.

Sob Bolsonaro, explica Clemente, o Brasil tem uma política “que destrói a economia, desmobiliza a indústria e tira a capacidade econômica de produzir bons empregos e massa salarial”. 

Sábado #19J tem atos confirmados em quase o dobro de cidades que estiveram na manifestação anterior, em 29 de maio, o 29M. Rede de médicos populares criou guia de segurança

Ato em Belém, no Pará40

São Paulo – As primeiras horas das manifestações do 19J registraram atos em Brasília, capitais estaduais e cidades, pequenas e grandes, pelo Brasil e de fora do país. Os protestos deste sábado (19) estão confirmados em mais de 400 cidades, quase o dobro de localidades que estiveram na mobilização anterior, em 29 de maio. No 29M, foi estimada a presença de cerca de 420 mil pessoas. Na Avenida Paulista, em São Paulo, o protesto está marcado para as 16h no vão livre do Masp. Os organizadores reforçam a necessidade de respeitar regras sanitárias e, inclusive, fez um guia para informar a população.


Foram realizadas passeatas, intervenções artísticas, rituais pelas ruas repletas de faixas, bandeiras e cartazes exigindo vacina para todos, auxílio emergencial de R$ 600 até o fim da pandemia, e protestando contra a reforma administrativa e privatizações.

Brasília, capitais e o mundo

Em Brasília, houve passeata com o reforço de povos indígenas do Acampamento Levante pela Terra, que estão na capital federal há 11 dias. Teve passeata em Maceió também, além de Belém, Recife, Porto Velho, Macapá, São Luis, Aracajú, João Pessoa e outras capitais. Fora elas, houve registros em cidades como Ribeirão Preto, Campinas, Rio Claro, Marília em São Paulo; Bayeux, na Paraíba; Feira de Santana, Jequié, Juazeiro e Itamaraju, na Bahia; Paracity, Miraselva, Florestopolis, Bela Vista do Paraíso, Rolândia e Prado Ferreira, no Paraná; Delmiro Gouveia, Alagoas; Altamira, Marabá e Parauapebas, no Pará; Novo Hamburgo, São Leopoldo, Pelotas, Seberi, Guaíba, Osório, Santo Antônio da Patrulha e Candiota, Rio Grande do Sul; Picos, no Piauí; Sobral, Russas, Crateús, Limoeiro do Norte e Caucaia, no Ceará; Petrolina, em Pernambuco; Betim, Brumadinho, Juiz de Fora, Vespasiano, Vale do Jequitinhonha e Joelisia Feitosa, Minas Gerais; Linhares, São Mateus e Nova Venécia, no Espírito Santo; Brusque, Santa Maria, São Cristovão do Sul, Jaraguá do Sul, Araranguá, Caçador e Rio do Sul, em Santa Catarina; Assú, no Rio Grande do Norte; dentre muitas outras por todas as cinco regiões do país.

Ainda pela manhã, no horário brasileiro, chegaram relatos de ações em dezenas de cidades fora do Brasil, como Zurique, na Suíça, Londres, Inglaterra, Samur, na França, Coimbra, em Portugal, Dublin, na Irlanda, Berlim, Alemanha, e Washington, Estados Unidos, dentre outras.

Guia de segurança

As frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular e as centrais sindicais, que estão na organização das manifestações do 19J, criaram junto com a Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares (RNMPP) um guia de como participar dos atos com segurança. Haverá voluntários orientando sobre medidas de distanciamento e higiene. A regra fundamental, explica a rede, é permanecer em locais abertos, bem ventilados, sem aglomeração. Mesmo ao ar livre é possível e necessário manter o distanciamento de dois metros.

Os profissionais da RNMMP também destacam a necessidade do uso de máscaras. De preferência, as PFF2/N95 bem ajustadas no rosto, cobrindo nariz e boca, sem vazamentos. Para quem não tem acesso a esse modelo, a dica é utilizar uma máscara cirúrgica simples, coberta por uma de pano. Há, ainda, a recomendação para o uso de álcool gel, não compartilhamento de objetos pessoais, sem abraços ou contato físico, evitar se alimentar fora de casa, levar água. O pesquisador Vitor Mori acrescenta: “Prestar atenção no deslocamento, no transporte coletivo, e aqueles momentos de interação, o pessoal se encontrando antes de ir ou depois de terminar, em interações sem máscara.”

Sociedade em movimento

Na última quinta-feira, ao comentar sobre as manifestações do 19J, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que elas são uma convocação da sociedade “para protestar contra o desgoverno e contra o genocídio. “A sociedade começou a andar.” Já o coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim, afirmou, em entrevista ao Jornal Brasil Atual, que todos aqueles que defendem a democracia e combatem as desigualdades “não suportam esse governo” e devem participar do #19J. “Está havendo um levante.” O país se aproxima da perda de 500 mil vidas pela covid-19. Bolsonaro é o grande responsável, por não ter adquirido as vacinas no momento adequado.”

Justiça do Trabalho garante validade de normas até que acordo ou convenção seja renovado. Gilmar Mendes é contra esse entendimento

Ministro do STF atendeu a pedido de confederação patronal e suspendeu súmula do TST

São Paulo – Cinco anos depois de um pedido de vista, o Supremo Tribunal Federal (STF) começou a julgar, ontem (17), ação sobre a chamada ultratividade dos acordos coletivos. É o princípio pelo qual cláusulas continuam válidas mesmo após passado o período do acordo ou convenção, até que venha outra norma coletiva. O pedido contrário à ultratividade veio, previsivelmente, de uma entidade patronal, a Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenen), por meio da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 323.

A ação anda em ritmo lento. A confederação protocolou a ADPF em 2014, e apenas em 2016 o relator, ministro Gilmar Mendes, se manifestou. Ele concedeu cautelar determinando “a suspensão de todos os processos em curso e dos efeitos de decisões judiciais proferidas no âmbito da Justiça do Trabalho que versem sobre a aplicação da ultratividade”.

A medida contrariou prática do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que costumava considerar válidos os acordos até sua renovação, aplicando para isso a Súmula 277, questionada no processo. Ao conceder a liminar, o ministro afirmou que os tribunais trabalhistas interpretavam “arbitrariamente a norma constitucional”.

Segurança jurídica

Ontem, o dia foi dedicado à leitura do relatório de Gilmar Mendes, além de manifestações das partes e dos interessados. O julgamento foi suspenso, ainda sem data para continuar.

Representante de entidades de trabalhadores, o advogado José Eymard Loguercio afirmou que a ultratividade ajuda a proporcionar segurança jurídica na negociação coletiva. Sem esse princípio, argumentou, as negociações teriam de ser retomadas do zero a cada data-base, tornando-se fator de conflito. Foi a linha adotada pela advogada Zilmara David de Alencar, ao defender “harmonia” nas relações de trabalho, pacificação de conflitos e valorização das negociações coletivas.

O Sindicato dos Trabalhadores no Comercio de Minérios e Derivados de Petróleo do Estado do Rio de Janeiro (SITRAMICO-RJ), representado pelo Presidente da entidade, Sr. Ubiraci Pinho, na forma das disposições legais e estatutárias, convoca todos os empregados da empresa UNISERV TRANSPORTES E SERVIÇOS LTDA, sócios e não sócios, para a Assembleia Geral Extraordinária, a ser realizada no portão principal da BADUC (Localizada na Rod. Washington Luíz, 680 – Campos Elíseos, Duque de Caxias – RJ), no dia 21 de junho de 2021, às 09h00, em primeira e última convocação com qualquer número de presentes, para deliberarem sobre a seguinte proposta do dia:

a) Discussão, Apreciação e Deliberação da proposta da Empresa,

b) Assuntos Gerais.

Rio de Janeiro, 16 de junho de 2021.

Ubiraci Pinho

Presidente

Segundo a organização, de quase 76 milhões de trabalhadores no setor em todo o mundo, mais de 80% estão na informalidade

Por Vitor Nuzzi, da RBA

Publicado 15/06/2021 – 18h34

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São Paulo – Dez anos depois da adoção de um convênio (número 189) da Organização Internacional do Trabalho sobre direitos relacionados ao trabalho doméstico, o setor “segue lutando” para que se reconheça a condição desses trabalhadores e prestadores de serviços como essenciais, afirma a OIT. A entidade, que está realizando sua 109ª Conferência, divulgou nesta terça-feira (15) informe sobre a situação (confira versão em espanhol) que envolve aproximadamente 75,6 milhões em todo o mundo, dos quais 81,2% estão na informalidade.

Além disso, depois desses 10 anos, em muitos casos “as condições de trabalho não só não melhoraram como se degradaram devido à pandemia de covid-19”, relata a OIT. No pior momento da crise, houve perda de postos de trabalho que nas Américas chegaram a atingir de 25% a 50%. “No mesmo período, a perda de empregos entre outros assalariados foi inferior a 15% na maioria dos países”, acrescenta o relatório. Os 75,6 milhões estimados representam 4,5% dos assalariados de todo o mundo.

Trabalho decente

“A crise ressaltou a necessidade urgente de formalizar o trabalho doméstico para que aqueles que se dedicam a ele tenham acesso a um trabalho decente”, afirma o diretor-geral da OIT, Guy Ryder. “É preciso começar pela ampliação e aplicação da legislação trabalhista e de seguridade social para todas as pessoas que exercem o trabalho doméstico”, acrescenta.

De acordo com o informe, as condições de trabalho, que já eram ruins, pioraram com a pandemia. Além da falta de proteção social, a fragilidade ante os efeitos da covid-19 se mostrou mais aguda. “É o caso dos mais de 60 milhões de trabalhadoras e trabalhadores domésticos da economia informal.”

Sem proteção social

Mesmo onde as leis trabalhistas e previdenciárias preveem cobertura, “a principal causa de exclusão e informalidade segue sendo a falta de aplicação”, aponta a OIT. Segundo o relatório, só uma em cada cinco pessoas que fazem trabalho doméstico (18,8%) têm efetiva cobertura de seguridade social no emprego.

As mulheres representam 57,7 milhões, isto é, 76,2% do total. Aproximadamente metade (38,3 milhões) está em regiões da Ásia e do Pacífico, em grande parte na China. E em torno de um quarto (17,6 milhões) concentra-se nas Américas.

Brasil perde 1 milhão em um ano

No Brasil, o serviço doméstico concentrava 4,974 milhões de trabalhadores ao final do primeiro trimestre, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE. A perda foi de 1,041 milhão de vagas em um ano – era 6,016 ilhões em igual período de 2010.

Em torno de 73% não tinham carteira assinada. O rendimento médio era de R$ 931, ante R$ 2.544 no geral. O trabalho doméstico foi regulamentado apenas em 2015, com equiparação de direitos.

Fiocruz alerta que a contaminação pelo coronavírus está acelerada em praticamente todo o Brasil. Terceira onda pode agravar cenário que já é de calamidade

Vinícius Quintão/FMUSP

Média de novos infectados e de mortes disparou desde o início do mês. Perspectiva é sombria1134

São Paulo – O Brasil registrou hoje (15) mais 2.468 mortes por covid-19 em um período de 24 horas, somando 490.696 vítimas da infecção respiratória desde a chegada do novo coronavírus ao país, em março do ano passado. A média de mortes se mantém elevada, próxima às 2 mil por dia. O Brasil é o país em que mais gente morreu por covid em 2021: cerca de 295 mil óbitos. Com taxa de mortalidade 4,4 vezes superior à média mundial, é também o segundo país em número absoluto de mortos, atrás apenas dos Estados Unidos,

Enquanto aumenta no mundo o número de países que já reduzem os casos e as mortes, com o avanço da vacinação, o Brasil segue o caminho oposto. O processo segue lento, com pouco mais de 78 milhões de doses aplicadas e apenas pouco mais 11% da população totalmente imunizada. Os Estados Unidos, por exemplo, já relatam 310 milhões de doses ministradas. Um das consequências da inoperância do governo brasileiro no cuidado à população é a crescente ameaça de uma terceira onda de contágios e mortes por covid no Brasil. Segundo infectologistas, o cenário para as próximas semanas é tenso e sombrio. Considerada a alta média diária de mortes atual, se a alta de contaminações vier a ocorrer, o resultado será uma tragédia ainda maior.

Números da covid-19 no Brasil. Fonte: Conass

Terceira onda

Especialistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) atestam que o contágio está acelerado em praticamente todo o país. Os resultados do período de 24 horas divulgados hoje mostram que 80.609 novos casos foram notificados ao Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). Um número superior que a média móvel calculada nos últimos sete dias, que está em 70.870. O índice registrou um grande salto nos últimos dias, indo de 57 mil novos casos em 9 de junho para os quase 71 mil novos casos a cada dia de agora.

Médias móveis de novos casos e mortes calculada em sete dias. Fonte: Conass

“O estudo sinaliza que o cenário atual está associado à retomada das atividades de maneira precoce. Tal situação manterá o número de hospitalizações e óbitos em patamares altos, com tendência de agravamento nas próximas semanas”, afirma o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe da Fiocruz.

O médico do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica do Hospital Universitário da USP Marcio Bittencourt reafirma a tendência. “Estamos com uma transmissão comunitária do coronavírus extremamente alta e em patamares fora do controle. Para completar, temos cada vez menos intervenções para controlar isso. Diante disso, não tem como a perspectiva ser positiva”, disse, em entrevista à BBC.

Pesquisa da FGV com dezenas de países mostra que preocupação, estresse, tristeza e raiva cresceram mais no Brasil do que no mundoPor Redação RBA

Publicado 15/06/2021 – 20h30Reprodução/FGV

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Fonte: Rede Brasil Atual (São Paulo) – “Felicidade foi embora”, verso de uma canção popular, é uma frase incluída em pesquisa divulgado pela Fundação Getulio Vargas intitulada Bem-Estar Trabalhista, Felicidade e Pandemia. Os dados mostram que o Brasil está longe do bem-estar e da felicidade, com “um grande salto de desigualdade” e queda do rendimento, pela primeira vez abaixo de R$ 1.000. O estudo da FGV mostra ainda crescimento da raiva entre os sentimentos da população. De 2019 para 2020, por exemplo, a “sensação de raiva” cresceu de 19% para 24% das pessoas. Foi um crescimento de cinco pontos percentuais, enquanto no mundo essa alta foi de 0,8 ponto, para 20%.

Mais estresse, menos divertimento

De acordo com a pesquisa, também aumentam os níveis de preocupação em relação aos demais países (diferença 3,6 pontos, para 62%), estresse (2,9, para 47%) e tristeza (2,2, para 31%). E cai o de divertimento (menos 6,8 pontos, para 66%). “Em suma, todos indicadores subjetivos cotidianos de bem estar considerados pioraram mais no Brasil na pandemia que a média dos 40 demais países”, diz ainda a fundação. Na questão da desigualdade, houve acréscimo de três centésimos ao que a FGV chama de índice de Gini trabalhista, que foi a 0,674 no primeiro trimestre. Recorde na série histórica. Quanto mais perto de 1, maior a desigualdade.

Renda no menor nível

Se no primeiro trimestre do ano passado a renda média alcançou um topo de R$ 1.122, em menos de um ano registrou queda de 11,3%. Chegou a R$ 995, nível mais baixo da série histórica. A queda para a da metade mais pobre foi quase duas vezes maior. Também no início de 2020, o chamado “bem-estar trabalhista” mantinha-se em “empate técnico” com o início da série histórica, em 2012. Assim, segundo o estudo da FGV, “não houve progresso social líquido nesta década”. Mas agora o bem-estar caiu para 19,4%, igualmente no menor nível histórico.